quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sobre a PIADA do Robin Williams



Sei que muita gente já falou e comentou sobre isso mas resolvi também deixar minha opinião a respeito. É impressionante o quanto o brasileiro consegue ser hipócrita quando se trata de humor. Somos sempre os primeiros a fazer piada de argentinos, portugueses, entre tantos outros, mas se um estrangeiro faz uma piada que nos envolve, os pesos e as medidas mudam. Não é interessante?

Tive que ver a "revolta" estampada na cara de muita gente devido à piada do ator Robin Willians no programa do David Letterman. Tive que ver a globo e outros canais escrachando o cara e tratando como "grosseria" o seu comentário.

Eu posso dizer que, de certa forma, compreendo um pouco a situação. Digo isso´porque não sou daqueles que pensam muito antes de fazer uma piada. Não sou daqueles que medem demais o que vão dizer pensando em como isso será recebido ou interpretado. Neste ano tive a oportunidade (ou necessidade) de fazer um comentário semelhante em algumas salas para as quais eu dou aula. Na minha opinião humor é humor, piadas são piadas, e se ofender com brincadeiras pra mim parece coisa do pré-primário. Uma piada deve ser, em sua essência, algo inusitado, inesperado, pois é isso que vai gerar a graça. Contar uma piada não quer dizer exatamente que a mesma expressa a opinião ou a verdadeira convicção do narrador. A piada existe apenas para ser engraçada, pra causar surpresa, pra fazer rir.

É claro que nem todo mundo gosta de piadas. Nem todo mundo ri de piadas. E isto também é um direito legítimo. Tão legítimo quanto o direito de fazer ou contar piadas sobre qualquer assunto. Penso inclusive, que quanto menos tabu um assunto representar para mim, mais á vontade eu fico para fazer a piada. O fato de não ser homofóbico me deixa mais tranquilo na hora de contar uma piada sobre gays porque ela não representa uma idéia minha, mas apenas uma brincadeira. Quantas vezes não fiz alguma "cagada" e um amigo negro me disse: "Tinha que ser branco mesmo." e é claro que ele tinha que ouvir coisas semelhantes quando o erro era dele.

Estar livre de preconceitos, fanatismos ou tabus é sempre a melhor forma de estar livre para fazer ou ser o alvo de piadas de maneira natural, sem escândalos, sem gritaria, sem chamar a atenção para algo que não merece tanta importância. Muita gente se revoltou com piadas que quase instantaneamente surgiram com a morte do Lombarde e da Leila Lopes. Parece que essas pessoas se esqueceram que também vão morrer. E o que isso tem demais? Por que a morte tem que ser mais sagrada do que a vida? Em relação ao que o Robin Williams disse sobre o Brasil, infelizmente a situação é bem mais grave que a que ele contou. Mas o mais triste é que a população não dedica aos políticos, governantes e a si própria a mesma indignação que dedicou ao ator americano.

Antes de criticar uma piada, precisamos aprender duas coisas:
1 - Temos que nos preocupar mais com a nossa tragédia, vivida todos os dias por tantos miseráveis, tráfico de drogas, de mulheres e de armas, prostituição infantil, doenças, fome e menos com o que os outros dizem.
2 - Sendo possível ou não resolver tais problemas, é imprescindível que saibamos levar a vida com mais humor, com mais alegria. Saber rir da vida e para a vida, rir dos outros e de nós mesmos, rir de situações engraçadas ou nem tanto faz bem. Faz bem pro ego, faz bem pro sistema imunológico, faz bem pra todos e contribui para que vivamos num mundo mais divertido, mais pacífico e menos amargo.

Um comentário:

  1. Isso me lembra a imagem "Como lidar com uma piada".
    Se quiser, dê uma olhada no meu álbum do orkut "Fatos"
    ;D

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